terça-feira, 16 de setembro de 2008

EDUCAÇÃO ...



EDUCAÇÃO

Estamos no início de mais um ano lectivo. Como todos temos visto o primeiro-ministro e mais vinte e três ministros e secretários de estado, deste governo, não se cansaram, no final da passada semana, de distribuir diplomas aos cinquenta mil alunos que concluíram o 12º Ano no ano lectivo anterior. Os melhores receberam ainda um cheque de 500,00 euros. Eu pergunto. Porquê nesta altura? Não será esta mais uma estratégia de marketing - “vender” a imagem de uma boa política de educação?
Creio que sim. Mas, mal de um Pais ou governo quando precisam de se munir destes artifícios para fazer passar uma mensagem que, nem de longe nem de perto, corresponde à verdade.
Todos sabemos que os exames do 12º Ano foram facilitados, comparando-os a anos anteriores, isto para já não falar nos do 9º Ano. E, ao serem utilizados estes critérios é evidente que o “sucesso” é garantido. Logo, se conclui, que o maior número de aprovações não é consequência de uma melhor política educacional, antes dum maior facilitismo.
Para terminar, quero deixar à consideração de todos uma afirmação da senhora ministra da educação que diz, e passo a citar ”O 12º Ano pode não ser obrigatório para concluir a escolaridade obrigatória”. Segundo a senhora ministra, as escolas estão a dar uma resposta tão boa que nem é necessário a sua conclusão para que se possa ter a escolaridade completa, apenas bastando aos alunos frequentá-lo sem carácter de obrigatoriedade.
Eu sempre ouvi dizer que o saber não ocupa lugar, como tal para nos tornarmos um país mais culto, mais evoluídoe com maior ambição, quanto maior e melhor for a escolaridade mais hipóteses há de nos tornarmos, dentro de alguns anos, num país ainda mais desenvolvido e com melhores condições de vida.

JC

9 comentários:

António Sabão disse...

Completamente de acordo com o seu texto!
Abraço

Marcia Barbieri disse...

Não sei aí em Portugal,mas aqui no Brasil,a educação está uma lástima. Falo prque sou professora e sinto na pele as medidas que o governo toma contra a educação. Parabéns pelos temas sempre pertinentes.

Beijos carinhosos

Patti disse...

Esta é das maiores regressões qeu tivemos na nossa história.

E é tão bonito saber que se pode entrar na universidade privada com a brilhante nota de 9 valores!

Maria Dias disse...

Agradeço a participação no Avesso.

Acabo de linka-lo e voltarei com mais calma para ler-te.

Grande abraço

Maria

f@ disse...

Qualquer dia vem nos livros escolares que o diploma sai nos yogurtes... ou então a sra ministro faz um discurso a dizer que "a melhor escola continua a ser a da vida...." e eu nem digo que isso é falso mas digo sim, que os jovens de 20 ou 25 anos mal sabem escrever... e pior, tb não sabem ler... e trabalhar não podem... porque não há trabalho e eles tb não sabem trabalhar...
O meu comentário já foge ao tema...
beijinhos das nuvens

Oliver Pickwick disse...

Os caras teorizam, "marketeiam" e modernizam e a educação. Não que seja nenhum Matusalém, prezado J Carlos, contudo, ainda prefiro o método do meu tempo: ou estuda, ou leva pau.
Um abraço!

P.S.: durante quatro anos seguidos, peguei o mesmo professor de matemática - por sinal, excelente mestre, o qual tinha predileção por um autor chamado Jairo Bezerra. O livro era volumoso, com letras miúdas, quase sem figuras e nenhuma programação visual. Moral da história: até hoje sou muito bom em matemática. :)

dona tela disse...

Um espectáculo! Um espectáculo!

f@ disse...

E aqui vai um comentário nadinha de nada... meia dúzia de palavras...:

"Um Chamado João

João era fabulista
fabuloso
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
“Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?”
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?
Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso
cada qual em sua cor de água
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia
nome, curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?
Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
de precípites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?
E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com… (sei lá
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?
Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar."

de Carlos Drummond de Andrade
Bj das nuvens

Maria disse...

Concordo, não só com o texto, como com os comentários. De facto estamos a trabalhar (??) para as estatísticas e não para uma efectiva capacitação e qualificação de jovens e adultos. Uma solução medíocre que só pode ter como resultado o prolongar da mediocridades (ou pior, agrava-la)