domingo, 26 de outubro de 2008

CRISE FINANCEIRA


CRISE FINANCEIRA

Sei que a crise financeira nos afecta a todos, é uma crise global. Uns acham que esta crise tem origem no capitalismo desenfreado, porém, outros acham que ela, terá tido, o seu início há alguns anos, com a presença excessiva do Estado em alguns organismos.
Eis um artigo de João Pereira Coutinho, na revista “Única” do jornal Expresso do dia 25 do corrente mês.

A crise financeira actualmente em cena teve uma insofismável vantagem: distribuir diplomas de economia pela maioria dos plumitivos. Até José Saramago, no último “Expresso”, não hesitou em molhar a sopa no assunto, escrevendo um texto onde reclama vigorosamente a prisão (e o fuzilamento ?) dos capitalistas gananciosos.
Infelizmente, o mundo é ligeiramente mais complexo do que o ódio primitivo e a violência revolucionária que ainda espirram da cabeça de Saramago. Basta ler o notável artigo de Dennis Seweell para a revista “Spectator” para perceber porquê. A crise em curso é um produto directo da selvajaria neoliberal?
Sewell desmonta a falácia ao explicar como o problema nasceu, não da ausência do Estado – mas da presença insidiosa dele. Nas administrações Clinton ideias absurdas de “inclusão” social pressionaram a banca a alterar as suas regras de prudência na concessão de crédito para os mais pobres, e por definição os mais insolventes, pudessem ter casa. Segundo a ortodoxia da época, se negros e latinos tivessem habitação própria, isso diminuiria o crime, aumentaria a “perfomance” escolar dos filhos e criaria um maior sentido de comunidade. Entre 1994 e 1999, dois milhões de negros e latinos compraram o próprio ninho. Mas isso só foi possível porque o governo montou um subtil esquema de “avaliação” dos bancos, segundo o qual qualquer sombra de “descriminação” a minorias seria severamente punida, em tribunal ou na concessão de licenças várias. Os bancos, pressionados, limitaram-se a baixar as orelhas e a trilhar a corda bamba. Deu no que deu.
Fuzilar os capitalistas? Eu, se fosse Saramago, começava pelos políticos.

sábado, 18 de outubro de 2008

"AUMENTO" SALARIAL - 2009

"AUMENTO" SALARIAL - 2009

No meio de toda aquela embrulhada verificada na apresentação do Orçamento de Estado para o ano de 2009 em que o Sr. Ministro das Finanças veio propor para o ano de 2009 aumentos para a função pública de 2,9%. É evidente que as empresas privadas que tencionam fazer aumento de vencimentos no próximo ano irão ter como factor de referência os verificados para a função pública.
Eu pergunto. Será que o Estado Português e as empresas privadas estão preparadas para suportar estes valores? Tenho algumas dúvidas dado o reduzido aumento do crescimento económico no mundo e, em alguns países, mesmo recessão económica.
Com isto, não quero dizer, bem pelo contrário, que o nível salarial da maioria dos Portugueses esteja correcto, ou chegue para fazer face às despesas do dia a dia. O que espero é que num futuro próximo não nos venham cobrar esta factura.
Espero que os 2,9% atribuídos tenham uma base sólida, que não seja apenas um “brinde” de proximidade eleitoral, uma forma de semear para na altura da colheita o fruto cair madurinho em nº de votos.

No entanto deixo um alerta as pensões mais baixas dos nossos idosos continuam com valores que pouco mais dão do que para comprar alguns medicamentos.
Estas sim são para mim situações prioritárias, assim como outras que nos afligem na área social e sobre as quais me irei debruçar mais adiante.
É preciso que tenhamos os pés bem assentes na terra a fim de não nos deixarmos ludibriar.
JC
FOTO DE JORNAL DE NEGÓCIOS

sábado, 11 de outubro de 2008

JÁ NÃO HÁ NADA A FAZER?


JÁ NÃO HÁ NADA A FAZER?

Médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar hospitalar, refiro estas profissões porque estão directamente ligadas com um artigo da jornalista Laurinda Alves, publicado no Jornal Público, do passado dia 10 do corrente mês e que gostaria de partilhar convosco.

Diz Laurinda Alves;

Ao longo da vida todos vamos ouvindo frases mais ou menos desagradáveis e daninhas, mas nenhuma é tão perversa como esta: “Já não há nada a fazer!” Dita a um doente em fase terminal ou com doença incurável, é uma frase verdadeiramente assassina.
Quem nunca a ouviu dê-se por muito feliz. Quem nunca a disse tente permanecer deste lado da barricada. Quem alguma vez a proferiu perceba o alcance do tiro que deu porque quem a ouve morre sempre um bocadinho. Começa a morrer naquele preciso minuto.
Condenar os vivos a uma morte em vida é a pior condenação que conheço. E sei do que falo porque há anos que vivo com a memória do olhar de um amigo que me contou como era viver essa condenação num corredor de terminais de um hospital oncológico. Explicou-me como era acordar e adormece todos os dias à espera de saber se era finalmente aquele o dia em que morria.
O meu amigo chamava-se Paulo, tinha a idade de um dos meus irmãos, fazia mergulho com eles e não lhe apetecia nada morrer. Muito pelo contrário, adorava viver, tinha uma predilecção especial pelo fundo do mar e contava tudo o que via. Passava horas a fio dentro de água e tinha o sonho de viver uma vida longa, que lhe permitisse explorar aquele mundo líquido de luz e sombras. Aos 20 anos diagnosticaram-lhe um cancro e, como era novo, tudo aconteceu muito rápido. A doença evoluiu muito depressa e em poucos meses ele estava acamado na ala dos doentes terminais. Era duro visitá-lo porque era Verão. Fora do hospital havia sol e fazia calor, todos estávamos de férias, íamos à praia e mergulhávamos no mar de consciência pesada por podermos fazê-lo com inteira liberdade.
“Disseram-me que já não havia nada a fazer e puseram-me aqui nesta ala onde só estamos à espera de morrer. É terrível. À noite tenho pesadelos e não consigo dormir, mas há quem chegue a pôr as campainhas de urgência fora do nosso alcance para não podermos chamar ninguém. Acham que é tempo perdido porque vamos morrer e não sabem o que nos hão-de fazer.”
Lembro-me do gesto que desenhou no ar com o braço, para me mostrar o que queria dizer. Era alto, tinha sido um desportista e, por isso, ainda tinha uma amplitude de gestos notável dado o seu estado clínico, mas, mesmo assim, a mão não chegava à campainha pendurada num fio que alguém tinha posto num lugar realmente impossível de alcançar. Impressionou-me na altura e ainda hoje me faz impressão que haja profissionais de saúde sem vocação nem coração.
Paulo passou o último mês da sua vida naquele corredor de terminais. Morreu num dia que amanheceu igual aos outros, cheio de sol e de luz. Nunca mais me esqueci da luz desse dia.
Há profissões na vida, como as que a referi e outras que para além do vencimento que se aufere, é preciso ter vocação para elas. É preciso, é necessário podermo-nos dar aos outros. Só assim podemos ser verdadeiros profissionais.

CRÓNICAS DE VIDA DE LAURINDA ALVES

domingo, 5 de outubro de 2008

CRISE FINANCEIRA


CRISE FINANCEIRA

Será que há luz ao fundo do túnel?
As bolsas vivem dias de pânico à espera do plano Paulson
A crise chega em força à Europa, que estuda intervenção conjunta.
A situação agrava-se e faz novas vítimas no sistema financeiro.
A recessão nos EUA é praticamente inevitável. BCE já fala em cortar juros.
As famílias portuguesas têm 1/3 da riqueza exposta aos mercados.
É difícil, senão mesmo impossível prever a durabilidade e dimensão desta crise. Não há nenhum país que tenha passado imune. Numa economia global todos os Estados acabam por ser afectados.
Há vários indicadores que dizem que os EUA já estão em recessão. Se tal estiver a acontecer ou vier a acontecer vai naturalmente ter consequências em Portugal e na Europa, essencialmente através da redução de exportações e na procura de turismo.
No entanto, há analistas que acham que a crise que o sector financeiro atravessa é uma crise como outra qualquer, porque dizem, que como todas as que a precederam há-de passar e o futuro será construído pelos sobreviventes.
No entanto acho que os políticos podem desempenhar um papel importante no que diz respeito ao regresso da confiança e da estabilização do sector financeiro, condições fundamentais para que as empresas tenham acesso ao financiamento e assim poderem ter uma maior sustentabilidade para se modernizarem e manterem os postos de trabalho existentes, ou mesmo quem sabe, poderem aumentá-los.
Esperemos que a resolução dos problemas chegue rapidamente, uma vez que o prolongar da situação continuará a fragilizar as diversas economias mundiais.

JC